As obras de Inácio Paiva e Igor Viana retratam as lutas e modos de vida da população local
“Saber que uma obra minha está indo para tão longe é uma felicidade muito grande pela conquista e também um orgulho enorme pela trajetória que estou fazendo”. A frase é do artista plástico parintinense Inácio Paiva. Ao lado de Igor Viana, ele é autor dos quadros entregues pelo governador Wilson Lima ao presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, durante visita a obras do Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+), na semana passada.
Na ocasião, Goldfajn, que é o primeiro brasileiro à frente do BID, disse, extasiado, que os quadros iriam para o seu escritório, em Washington, onde fica a sede da instituição financeira, parceira do Governo do Amazonas no Prosamin+ e também no Programa de Saneamento Integrado (Prosai), que está chegando a Parintins. Ambos os programas são executados pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas.
As obras de arte retratam aspectos e características únicas da realidade da ilha Tupinambarana, inspirados na fauna a flora amazônica, nas lutas e modos de vida da população ribeirinha. Os quadros com dois barcos regionais, um azul e um vermelho, escolhidos intencionalmente para simbolizar os bois de Parintins Caprichoso e Garantido, chamaram especial atenção de Goldfajn.
Inácio Paiva, autor de três das quatro obras de artes com as quais o presidente do BID foi presenteado, incluindo o barco azul escrito Parintins, é de família humilde e natural da comunidade ribeirinha de Bom Socorro do Zé Açu, localizada a 14 quilômetros da sede do município e com acesso somente de barco. Mesmo com a dificuldade de deslocamento, Inácio estudou artes plásticas no Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro de Parintins, espaço do Governo do Amazonas, administrado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.
“Nunca foi fácil. Eu vim do interior, de uma comunidade distante, onde não tinha muito acesso à arte. Eu tinha que me deslocar até a sede de Parintins para participar do curso. Me sinto muito honrado em ver minhas artes indo tão longe”, relata.
Igor Viana, cujas obras também foram elogiadas pelo presidente do BID, conta a história por trás do quadro do barco vermelho que retrata uma experiência vivida por ele em uma viagem à comunidade do Canarinho. Ele levou para a comunidade um projeto que oferecia cursos de desenho, pintura e oficinas, e foi durante essa jornada que capturou a imagem do barco partindo para buscar os alunos que residiam nas proximidades, para fazer o curso. A logística envolvida nesse contexto o impactou profundamente, levando-o a decidir reproduzir a cena através da pintura.
“Eu fico muito feliz em ter uma obra exposta e, mais ainda, porque vai ser levada para outro país, que é uma coisa que não havia acontecido comigo ainda. Já tive obras indo para outros estados do Brasil, mas é a primeira vez que vai para fora do País”, relata com emoção.
O secretário da UGPE, Marcellus Campelo, enfatiza o compromisso do Governo do Amazonas em valorizar os artistas locais e integrá-los aos programas estaduais. Na concepção do Prosai Parintins, afirma, artistas parintinenses também foram convidados a participar ativamente na construção da identidade visual e nos materiais gráficos.
“Parintins é um verdadeiro celeiro de talentos artísticos, e buscamos envolvê-los em nossas ações. É uma maneira de não apenas exibir ao mundo o talento da região, mas também de valorizar os artistas locais”, afirma Campêlo.
Durante a estada em Manaus para participar da 22ª Semana da Sustentabilidade, a Sustainability Week (SW24), promovida pelo BID Invest, braço privado do grupo BID, Ilan Goldfajn visitou o Parque Jefferson Péres, no centro de Manaus, e o residencial Rodrigo Otávio, ambas obras do Prosamin+, programa estadual que tem recursos de financiamento da instituição estrangeira.
FOTOS: Tiago Corrêa/UGPE e Divulgação