A jornalista é apresentadora só SBT Brasil, Márcia Dantas, usou a Internet para desabafar sobre sua participação, como mediadora, na última semana, do debate entre candidatos ao Governo do Amazonas, ocasião em que chegou a ser intimidada por um dos postulantes ao cargo, o senador Eduardo Braga (MDB). “É muito fácil una mulher ser taxada de desequilibrada e incompetente se ela não souber lidar com as emoções num ambiente dominado por homens”, disse, em um texto publicado pelo site SBT News.
O debate ocorreu no último dia 29, transmitido pela afiliada do SBT no Estado, TV Norte Amazonas. Foi o último confronto público televisivo entre os candidatos antes do primeiro turno das eleições.
No intervalo do primeiro bloco, Braga, que figura em terceiro colocado na maioria das pesquisas de intenção de voto, engrossou o tom com a jornalista, ao reivindicar um direito de resposta. Ela, por sua vez, pediu respeito e recebeu o apoio de oponentes de Braga, no bloco seguinte.
“O senhor me respeite”, diz a jornalista, em alto e bom tom a Braga. A cena causou mal-estar e revolta entre os candidatos. Ainda no intervalo, o também candidato, Henrique Oliveira (Podemos), tentou amenizar os ânimos, e interveio em favor de Márcia. No retorno ao debate, tanto Henrique, quando Carol Braz, candidata pelo PDT e única mulher a concorrer ao cargo em 2022, manifestaram apoio à jornalista.
“Quero pedir desculpas aí ao povo amazonense pelo triste retrato do que aconteceu aqui no intervalo, que foi muito maior, e o Eduardo mostrou aí toda a sua intranquilidade a todas as mulheres”, disse Oliveira.
Carol Braz também repudiou o comportamento de Braga. Em sua oportunidade de perguntar a outro candidato, Braz disse: “antes de fazer a pergunta, quero aqui me solidarizar a você, Márcia Dantas, pelo triste ato de machismo praticado pelo candidato Eduardo Braga, que acha que pode, porque é homem, ofender uma mulher. Nos duas somos as únicas mulheres nesse recinto e já chega. Nós lutamos contra essa truculência contra a mulher”, ressaltou.
Eduardo, na ocasião, justificou que jamais ofenderia uma mulher, já que era pai, marido ha 40 anos e avô de uma neta. A assessoria do candidato chamou a repercussão de tentativa de opositores de plantar um factoide a partir do episódio.
Mas, após a repercussão negativa, a jornalista se manifestou em um artigo, com o título “Os desafios jornalísticos na mediação de um debate: entenda os bastidores de um debate e o jogo de cintura obrigatório para todo jornalista “. Mediadora de primeira viagem, ela explicou o que ocorreu durante a condução do debate.
“Quando a luz vermelha da câmera acende, a mágica acontece. Uma segurança urge no peito. “Também sou leoa, lembrei”. De acordo com ela, ao final do primeiro bloco, um candidato ficou sem responder, o que gerou uma confusão. “Você está equivocada”. “Eu não estava. Mas fui induzida a duvidar da minha própria capacidade. Cedi, a contragosto. Respirei fundo. Lembrei do motivo pelo o qual estava ali. Não poderia entrar no jogo que prejudicaria o andamento do debate. É muito fácil uma mulher ser taxada de desequilibrada e incompetentemente se ela não souber lidar com as emoções num ambiente dominado por homens”, frisou.
Ela explicou que a questão só foi resolvida quando a direção se reuniu com todos os assessores dos candidatos.