Presa em Manaus por exercício ilegal da medicina, a educadora física Sophia Livas de Morais Almeida deve responder por, pelo menos, seis crimes, segundo o delegado Cícero Túlio Coutinho Silva, responsável pela investigação. Além de curandeirismo, ela será indiciada por falsidade ideológica, falsa identidade, estelionato, emissão de atestado médico falso e charlatanismo.
De acordo com a Polícia Civil, já foram colhidos cerca de 15 depoimentos durante a apuração do caso, entre eles, o de médicos que cederam consultórios à suspeita sem saber que ela não possuía formação em medicina, além de alunos de pós-graduação e outros envolvidos.
Faculdades de medicina de Manaus também foram notificadas a informar se Sophia Livas já foi aluna ou se passou por estudante das instituições. Esses dados serão incluídos no inquérito que embasará a denúncia contra ela.
O delegado explicou que a prisão de Sophia é um desdobramento de outra operação realizada no início do mês, que resultou na detenção de outro falso médico, também educador físico. Após a divulgação da primeira prisão, a polícia passou a receber denúncias sobre a atuação de Sophia Livas.
As investigações indicam que ela começou a se passar por médica após ingressar, como mestranda da área da saúde, em um grupo de acompanhamento de crianças cardiopatas no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A partir disso, conquistou a confiança de profissionais e passou a se apresentar como médica.
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Segundo a polícia, Sophia furtou o carimbo de uma médica com nome semelhante ao dela e passou a usar, de forma criminosa, o registro profissional da vítima junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM), prescrevendo medicamentos. Um dos pacientes, uma criança, chegou a sofrer uma convulsão após utilizar medicação prescrita pela falsa médica.
A polícia também apura a responsabilidade de outras pessoas que possam ter facilitado a atuação criminosa de Sophia.
Alerta à população: A Polícia Civil orienta que, em caso de dúvida, os cidadãos verifiquem a habilitação de profissionais médicos diretamente no site do Conselho Regional de Medicina do Amazonas: https://cremam.org.br.
Entenda o caso
Sophia Livas foi presa na última segunda-feira (19), em uma academia de ginástica de Manaus, acusada de se passar por médica especializada em cardiologia pediátrica. Segundo a Polícia Civil, ela vinha exercendo ilegalmente a medicina há pelo menos dois anos.
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Apesar de estar matriculada como mestranda da Ufam, ela acessou as instalações do HUGV apenas como aluna de pós-graduação. Em nota, o hospital esclareceu que Sophia nunca atuou como médica na unidade.
Crimes atribuídos à falsa médica:
- Falsidade ideológica: alteração de informações em documentos verdadeiros com a intenção de enganar;
- Falsa identidade: ato de se passar por outra pessoa, mesmo sem modificar documentos;
- Curandeirismo: prática ilegal da medicina, considerada crime contra a saúde pública;
- Emissão de atestado médico falso: prevista no artigo 302 do Código Penal;
- Uso de atestado falso: previsto no artigo 304 do Código Penal;
- Charlatanismo: uso de meios fraudulentos para se promover como especialista sem o devido conhecimento técnico.
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