Falsa médica presa em Manaus recebeu auxílio emergencial e apoio financeiro para estudar na Ufam


Sophia Livas de Morais Almeida, presa em Manaus, nesta segunda-feira, 19, acusada de exercício ilegal da medicina, recebeu, do Governo Federal, R$ 14,7 mil, entre 2019 e 2022, sendo quase R$ 5 mil via Auxílio Emergencial, e o restante, a partir do Ministério da Educação, como apoio financeiro a estudantes (Bolsa Pibic e pesquisa).


Conforme o Transparência, ela recebeu 11 parcelas do Auxílio Emergencial, entre 2020 e 2021, com valores variando de R$ 150 a R$ 300.


O valor recebido do Ministério da Educação, foi pago como forma de bolsa para discentes de iniciação científica da Ufam (Universidade Federal do Amazonas). Sophia recebia cerca de R$ 400 por mês.


Consulta no portal da Transparência aponta que ela foi favorecida, entre 2019 e 2022, em pelo menos 10 modalidades de financiamento, entre elas, ações de graduação e pós graduação na Ufam. Os valores variam de R$ 222,4 mil a R$ 224 mil por grupo de favorecidos.


Parte dos valores foi paga e outra, suspensa. Os detalhamentos não informam em quais áreas acadêmicas ela esteve vinculada.

No plano orçamentário disponível na consulta do portal da Transparência, constam concessões de bolsas de pesquisa, extensão e monitoria aos estudantes; funcionamento de instituições federais de ensino superior -Ufam (despesas diversas) e, em alguns casos, “sem informações”.

Operação policial

Sophia foi presa pela Polícia Civil do Amazonas, em uma academia de Manaus, durante a operação Azoth, sob a acusação de prática do exercício ilegal da medicina. Ela atuava, segundo a polícia, há pelo menos dois nos, em unidades públicas e privadas, como cardiologista pediátrica, especialista em cardiopatias em crianças. Entre as vítimas, estão duas crianças autistas, conforme as investigações.

Profissional da área de educação física, ela apresentava, na internet, um currículo invejável na área da saúde e como pesquisadora, além de professora voluntária da Ufam.

LEIA TAMBÉM: Falsa médica que atuava como cardiologista pediátrica é presa em Manaus


Currículo

No resumo em um site que reúne currículos em várias áreas, ela se apresentava da seguinte forma: “Defensora do SUS e da saúde como direito universal, especialista em Saúde Coletiva pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP-FIOCRUZ) e Mestre em Ciências da Saúde com enfoque em Cardiologia Fetal e Pediátrica pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (PPGCIS FM UFAM).
Pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas e da Universidade Federal de Minas Gerais, além de atuar como assistente de pesquisa desses setores, vinculada ao setor de cardiologia fetal e pediátrica do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) como também pesquisadora. Professora Voluntária de graduação da UFAM e da pós-graduação da ESBAM, experiência em condução de pesquisas nas áreas de Saúde Coletiva, e Cardiopatia Congênita, com foco em temas como aconselhamento familiar após o diagnóstico de doenças cardíacas congênitas e cardiopatias congênitas na Amazônia. Minha atuação está voltada para pesquisa e ensino, com ênfase em saúde pública”.

Respostas

O Amazônia Plural procurou o HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas), vinculado à Ufam, assim como as assessoria da Ufam e da Fiocruz.

Em nota, a Ufam não negou que a suspeita de atuar como médica tenha dado aulas na instituição. E disse que é proibida por lei de divulgar dados de alunos e ex-alunos. Veja a nota na íntegra:

Informamos que, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018 – LGPD), não podemos divulgar informações sobre vínculos de alunos ou ex-alunos com a universidade, uma vez que se tratam de dados pessoais protegidos por sigilo.

Caso deseje solicitar informações com base na Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011), orientamos que o pedido seja formalizado por meio da Ouvidoria da Universidade, canal oficial para esse tipo de demanda. O acesso pode ser feito pelo site https://portalouvidoria.ufam.edu.br/ ou pelo e-mail ouvidoria@ufam.edu.br

HUGV nega que falsa médica tenha atuado na unidade

Após divulgação, pela Polícia Civil, de foto de Sophia no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV-UFAM/Ebserh), a instituição esclareceu, em nota, que Sophia Livas de Morais Almeida nunca atuou como médica no hospital e nem constam registros de atendimentos médicos feitos por ela na unidade hospitalar.

Destacou, ainda, que ela foi aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Amazonas como educadora física. “O acesso às instalações da UFAM, incluindo o HUGV, se dava apenas na condição de mestranda. E, por já ter concluído o mestrado na Universidade, a ex-aluna não tem nenhum vínculo com a instituição”.

Fiocruz

A Fiocruz informou que Sophia Livas nunca teve qualquer tipo de vínculo acadêmico nos cursos de especialização da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), tanto na modalidade presencial, quanto na remota.

O Ministério da Educação também foi procurado e ainda não respondeu.

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