Uma nota técnica publicada nesta terça-feira, 30, fruto de um estudo conjunto, apontou a contaminação por mercúrio, de peixes consumidos em seis estados da Amazônia: Amazonas, Roraima, Acre, Amapá, Pará e Rondônia. Desses, o maior percentual de contaminação identificado foi em Roraima, estado que sofre com o garimpo ilegal para a extração de ouro. A atividade utiliza o mercúrio em grande quantidade e provoca a contaminação das águas dos rios, levando a prejuízos ambientais incalculáveis. Lá, a média de peixes contaminados, adquiridos em estabelecimentos comerciais para estudo, chegou a 40%.
O estudo, publicado de forma inédita, foi feito por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil. Foram analisadas 80 espécies de peixes nas capitais e em 11 municípios do interior.
Na análise geral, 21% do pescado estudado continham contaminação por mercúrio acima da média aceitável para consumo, que atualmente, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é de até 5 microgramas por grama.
As médias de contaminações nos peixes analisados por estado, foram as seguintes: depois de Roraima, estão o Acre, com 35,90%; Rondônia, com 26,10%; Amazonas, com 22,50%; Pará, com 15,80%; Amapá, com 11,40%.
A nota técnica aponta, ainda, que no caso do Amazonas, há municípios em que as médias de contaminação foram superiores à média geral de Roraima. É o caso de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, que chegaram a 50% de contaminação nas análises. Já em Maraã, o percentual de contaminação foi considerado baixo: 2%.
O consumo de pescado contaminado por mercúrio pode causar graves problemas à saúde, especialmente, em grávidas e crianças. Entre as alterações relacionadas ao consumo, estão doenças neurológicas, renais e respiratórias.
Como culturalmente, no Norte, o peixe é um dos alimentos mais consumidos pela população, o estudo acende um alerta sobre a necessidade de se intensificar o combate ao garimpo ilegal, uma vez que mostra que regiões com maior concentração da atividade, tem maiores percentuais de contaminação, como é o caso de Roraima.
Lá, uma força tarefa do Governo Federal, atua na retirada de garimpeiros, desde o início do ano, destruindo equipamentos e resgatando indígenas, que tem desenvolvido inúmeras doenças, por consequência do garimpo. Entre elas, desnutrição, malária, etc.