No segundo mandato como governador do Amazonas, Wilson Lima (UB) trata com cautela a possibilidade de disputar uma vaga no Senado Federal, nas eleições de 2026. Embora aliados nos bastidores considerem a candidatura praticamente certa, o governador prefere adiar a decisão.
Lima assumiu, no último dia 19, o comando da federação União Progressista, que reúne o União Brasil e Progressistas, reforçando seu protagonismo político no cenário estadual. Em entrevista ao JAM1, da Rede Amazônica, nesta quinta-feira (20), ele afirmou: ”A minha preocupação é não deixar que o processo eleitoral contamine as deciões que nós estamos tomando aqui de Governo”.
LEIA TAMBÉM: Wilson Lima é eleito por unanimidade presidente do União Brasil Amazonas
Natural do Pará e ex-apresentador de TV, Lima é hoje a principal liderança do União Brasil no Amazonas. Apesar disso, afirma que a decisão sobre concorrer ao Senado não cabe apenas a ele. A trajetória de ex-governadores amazonenses, como Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD), que migraram do Executivo para o Legislativo, em Brasília, alimenta a expectativa de que Wilson Lima siga o mesmo caminho.
”Essa decisão (de disputar o Senado) não sou eu que tomo. Quando você ocupa um cargo como esse, de governador, você não é candidato de si. Você precisa ouvir quem manda no Estado, que é o povo”, concluiu.
8 de janeiro
Durante a entrevista, Lima também criticou o tom das discussões sobre o julgamento dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, considerados pela Procuradoria Geral da República (PGR)como golpistas e que tinham como foco impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diante da derrota de Bolsonaro.
Apoiado por Jair Bolsonaro (PL), Lima tem se posicionado de forma alinhada ao ex-presidente sempre que as investigações avançam, usando seu perfil em redes sociais para prestar solidariedade ao ex-presidente. O julgamento do núcleo crucial da tentativa de golpe, que envolve Bolsonaro e militares de alta patente de seu governo, entrou, na última semana, na fase final de análise do Supremo Tribunal Federal (STF), que levará a denúncia da PGR a julgamento no próximo mês.
“Você vê que no Brasil, a gente tem uma confusão muito grande. Não se discute outra coisa no Brasil a não ser 8 de janeiro, enquanto a gente tem problems na economia, tem essa tensão entrte o governo brasileiro e o governo americano, tem empresas que estão se mudando do Brasil. Então, a gente precisa focar naquilo que é mais importante. Isso faz a diferença na vida das pessoas”, frisou, referindo-se ao recente desgaste entre Lula e o presidente Americano, Donald Trump, que resultou na imposição de um tarifaço aos produtos brasileiros exportados para aquele País, afetando empresas de grande porte e o livre comércio.
Tarifaço
Há algumas semanas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros em 2025, alegando que o Brasil estaria conduzindo uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é seu aliado, adotando políticas que ameaçariam a “segurança nacional” e interesses econômicos dos Estados Unidos.
Contrariando a tese, dados recentes apontam que os EUA registraram um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil em 2024. A justificativa incluiu críticas ao papel do Supremo Tribunal Federal, em especial, ao ministro Alexandre de Moraes, a quem Trump também aplicou sanções, como a suspensão de visto e a aplicação da lei global Magnitsky.