Após reeleição, David Almeida anuncia reajuste no transporte coletivo de Manaus

Arquivo Semcom / transporte coletivo. Foto: Márcio James

Após reajustar a UFM (Unidade Fiscal do Município), a qual incidirá no aumento de impostos municipais como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), em 2025, o prefeito de Manaus, David Almeida, anunciou, na última semana, um estudo para o reajuste da passagem de ônibus na capital amazonense. Assim como em outras capitais, as medidas, consideradas impopulares, ocorrem após as eleições.

Atualmente, a passagem inteira paga pelo usuário do transporte coletivo de Manaus é de R$ 4,50, ajustado em 2023. Com cerca de 220 linhas e uma frota de 1.320 veículos, o transporte coletivo convencional na capital amazonense tem a proporção de 1 ônibus para cada 1.563 pessoas – considerando uma população de 2.063.689 pessoas, conforme censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A proporção pode ser ainda maior, já que o IMMU (Instituto Municipal de Transportes Urbanos) distribui a frota entre veículos operacionais e reservas. Em 2024, conforme o instituto, 1.110 ônibus faziam parte da frota operacional – um veículo para cada grupo de 1.859 pessoas. Na gestão do prefeito David Almeida, a renovação da frota foi de 420 veículos, até o início deste no.

Além do número insuficiente de veículos, os ônibus, em Manaus, apresentam panes frequentes, prejudicando os trajetos dos usuários e o trânsito da capital, que já crítico nos horários de pico.

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A tarifa do transporte coletivo em Manaus recebe subsídios, tanto da Prefeitura, quanto do Governo do Amazonas, para que o valor total da tarifa não seja repassado ao usuário. A tarifa integral, atualmente, é de R$ 7,50, sendo R$ 3 subsidiados, além das passagens para estudantes.

No último dia 30 de dezembro, o Governo do Amazonas repassou mais R$ 18,4 milhões à Prefeitura de Manaus, referentes ao convênio para manutenção do Passe Livre Estudantil. Com esse valor, foram R$ 98,4 milhões liberados em 2024, para garantir a gratuidade no transporte coletivo para cerca de 170 mil alunos da rede pública.

Ônibus elétricos e desperdício do dinheiro público

O reajuste da passagem de ônibus ocorre sem a transação da frota para ônibus elétricos, uma realidade em parte das grandes cidades brasileiras. Em 2023, o IMMU assinou contrato de R$ 34,01 milhões com a Alicerce Atividades Profissionais em Projetos Sustentáveis (contrato 001/2023) , para a aquisição de dez ônibus elétricos a bateria tipo básico e dois ônibus elétricos tipo articulado.

De acordo com o portal da Transparência, da Prefeitura de Manaus, cada ônibus elétrico básico foi cotado em R$ 2,5 milhões. Já os articulados custariam R$ 4,5 milhões cada. Mais R$ 78,7 mil estavam previstos em investimentos para a implantação de uma estação de carregamento.

Do valor total do contrato, quase R$ 3,5 milhões foram pagos à empresa, apontam as notas disponíveis no Transparência. Dos 14 empenhos feitos a partir do contrato, quatro foram pagos e dez foram anulados. Em 2023, dois dos 12 ônibus elétricos foram entregues pelo prefeito David Almeida, para circular na capital. Os demais não chegaram a ser inseridos à frota.

Em uma entrevista concedida durante a campanha à reeleição, em 2024, à rádio BandNews Manaus, Almeida explicou que a tecnologia não serve para Manaus, constatação que se deu apenas após as entregas e pagamento parcial do contrato.

Entre as justificativas dadas pelo chefe do Executivo, estava a de que o piso do ônibus era muito baixo, ficando muito próximo ao asfalto. Com as altas temperaturas da cidade, o veículo não apresentou o desempenho desejado. Após recuar sobre o uso da tecnologia, ele também disse, na ocasião, que a Prefeitura estava adquirindo, em contrapartida, veículos que seriam “menos agressivos ao meio ambiente”, mas não deu detalhes.

A reportagem enviou pedido de nota à Prefeitura de Manaus questionando se houve um estudo técnico prévio de viabilidade da implantação da tecnologia em Manaus, de forma a evitar desperdício de dinheiro público, e aguarda retorno.

Veja os valores pagos e os anulados, conforme o portal da Transparência:

Reajuste segue tendência, segundo a Prefeitura de Manaus

Conforme nota divulgada pela Prefeitura de Manaus, por meio do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), “um estudo tarifário detalhado está em andamento para avaliar a evolução dos custos dos itens que compõem o transporte coletivo na cidade e, consequentemente, reajuste no preço da passagem”.

O estudo, de acordo com o órgão, segue um padrão de tendência recorrente no Brasil. “Pelo menos quatro capitais anunciaram o reajuste nas tarifas para 2025. São Paulo (R$ 5), Rio de Janeiro (R$ 4,70), Florianópolis (R$ 6,90) e Belo Horizonte (R$ 5,75) tiveram aumento nos valores, sendo que a capital de Santa Catarina lidera o ranking com o maior preço”.

A tarifa, que até 2023 ficava em R$ 3,80, foi reajustada, em maio daquele ano, em18,42%, passando para R$ 4,50.

“Entre os principais fatores analisados estão o impacto do reajuste no preço do diesel, pneus e lubrificantes, além dos custos relacionados ao reajuste salarial do pessoal, conforme acordos firmados na Justiça do Trabalho”, afirma o IMMU.

Outro ponto, de acordo com a Prefeitura, é a inclusão de novos ônibus na frota, que, apesar de melhorar o serviço, eleva os custos operacionais. Todos esses itens são analisados criteriosamente para a composição da tarifa de remuneração.

“Após a conclusão do estudo, serão decididos os próximos passos, incluindo o momento e a forma de implementação de eventuais alterações tarifárias”.

Foto: Márcio James / Semcom – arquivo

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