“O limite de 1,5°C é a linha vermelha para a humanidade”, afirma secretário-geral da ONU durante Cúpula dos Líderes

Em um discurso contundente na plenária de líderes da Cúpula dos Líderes, em Belém, no Pará, um dos estados da Amazônia Legal, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o planeta está prestes a ultrapassar de forma inevitável o limite de 1,5°C de aquecimento global já no início da próxima década. Ele classificou a situação como uma “falha moral” e pediu uma “mudança de paradigma” na resposta mundial à crise climática. O evento marca a abertura da programação da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), a primeira realizada na América Latina.

Leia também: COP30 pretende mobilizar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático

Acompanhado do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e de outros chefes de Estado, Guterres agradeceu ao Brasil pela “calorosa hospitalidade” e elogiou o compromisso do governo com o multilateralismo. “Esta é a COP da verdade, como disse o presidente Lula”, afirmou. “E a verdade é dura: estamos falhando em proteger nosso planeta”.

Segundo o secretário-geral, mesmo uma ultrapassagem temporária do limite de 1,5°C pode gerar impactos irreversíveis, como o colapso de ecossistemas, deslocamentos em massa e aumento da fome. “Cada fração de grau significa mais sofrimento e perda, principalmente para os menos responsáveis pela crise”, disse.

Apesar do cenário preocupante, Guterres ressaltou que ainda há tempo para reverter a tendência, desde que os países adotem medidas rápidas e coordenadas. Ele defendeu o pico imediato das emissões globais, a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, a redução drástica do metano e a proteção das florestas e oceanos.

O chefe da ONU destacou que a transição para uma economia verde já está em curso e que as energias solar e eólica se tornaram as fontes mais baratas e de crescimento mais rápido. Em 2024, lembrou, investimentos em energia limpa superaram em 800 bilhões de dólares os destinados a combustíveis fósseis. “O que falta não é tecnologia nem recursos, é coragem política”, enfatizou.

Cumprimento de metas e protagonismo indígena

Guterres cobrou dos países desenvolvidos o cumprimento das promessas de financiamento climático. Ele reiterou a necessidade de mobilizar 1,3 trilhão de dólares por ano até 2035 para apoiar nações em desenvolvimento, incluindo 300 bilhões anuais de recursos acessíveis e previsíveis. “Não é hora de novas negociações. É hora de implementar, implementar e implementar”, declarou.

O secretário-geral também defendeu uma “transição justa”, com foco em adaptação, proteção aos trabalhadores e protagonismo dos povos indígenas. “O conhecimento tradicional e a participação plena dessas comunidades iluminam o caminho para um planeta habitável”, afirmou.

Encerrando o discurso, Guterres pediu que os líderes façam da COP de Belém um ponto de virada. “Ninguém pode negociar com a física. Podemos escolher liderar ou sermos conduzidos à ruína. Que Belém marque o início da década da ação”, concluiu.

Foto: reprodução – Internet

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