Movimentos sociais cobram transição energética justa e com equidade de gênero na COP-30

Movimentos sociais realizaram, nesta terça-feira (11), um ato na Zona Azul da COP-30 (Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima), em Belém (PA), em apoio à implementação da Declaração de Belém para uma Transição Energética Justa. O grupo defendeu que o mecanismo inclua também ações voltadas ao combate à disparidade de gênero. O documento, assinado durante a Cúpula do Clima, é considerado um marco de cooperação internacional e propõe o fortalecimento do papel das estatais na agenda climática.

Leia também: COP na Amazônia: “Comunidades que preservam estão sendo pressionadas a desmatar”, afirma representante de organização global dedicada à conservação ambiental

A manifestação ocorreu no saguão principal da Zona Azul e reuniu lideranças de diferentes movimentos da sociedade civil, ativistas do Brasil e de outros países participantes da conferência. O ato foi marcado por faixas, cartazes, músicas e palavras de ordem que formavam a frase: “Apenas faça a transição agora (Just transition now)”.

Participaram da mobilização representantes das organizações CAN (Climate Action Network – Rede de Ação Climática), DCJ (Demand Climate Justice – Exija Justiça Climática), WGC (Women and Gender Constituency – Aliança de Mulheres e Gênero), YOUNGO, TUNGO e IPO, grupos que reúnem setores da sociedade civil engajados na discussão sobre a crise climática.

As lideranças destacaram que a ampliação da participação feminina é fundamental para o êxito da transição energética.

“Estamos falando de gênero também porque sabemos que as mulheres no mundo são 51% da população e no entanto recebem apenas 1% deste financiamento (a partir de projetos relacionados ao combate às mudanças climáticas)”, disse Amiera Sawas, uma das organizadoras.

Segundo ela, embora a transição justa seja urgente, ainda há uma grande lacuna no financiamento destinado a esse processo, especialmente no fluxo de recursos do Norte para o Sul global.

De acordo com Amiera, a desigualdade de gênero impede que a transição seja realmente justa. “As mulheres continuam no mundo numa situação mais precária. O financiamento global para ações climáticas está em pauta, motivo pelo qual nós sentimos que temos que colocar a justiça de gênero no centro da transição, pois muitas vezes não há algo formal que inclua as mulheres por conta da desigualdade de gênero”, explicou.

Ela destacou ainda que a ausência de contratos formais de trabalho dificulta a participação efetiva das mulheres em projetos de transição, perpetuando desigualdades.

“Um outro exemplo é que 84% das terras onde são encontrados minerais para transição justa estão em território indígena, e é preciso incluir os direitos dos povos indígenas e de grupos sociais marginalizados no processo, reparando desigualdades estruturais”, afirmou.

Amiera citou estudos que indicam o distanciamento entre a população e as instâncias de decisão sobre o tema. “Há estudos que dizem que 80% da população quer mudança climática, mas não tem acesso aos espaços onde isso é decidido”, concluiu.

Foto: Amazônia Plural

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