Quatro dos nove estados da Amazônia Legal apresentaram aumento no número de homicídios registrados de indígenas, em 2023, segundo o segundo o Atlas da Violência 2025, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), esta semana, com base em dados do Ministério da Saúde. São eles: Acre, Maranhão, Roraima e Tocantins.
O relatório revela que, entre 2022 e 2023, o Maranhão obteve aumento de 66,7%, seguido do Acre, com aumento de 50%, Roraima , com acréscimo de 22,9%, e Tocantins, cujo aumento no volume de homicídios foi de 33,3%.
Por outro lado, Amapá, Amazonas e Pará apresentaram redução nas assassinatos, enquanto Rondônia teve um aumento que não foi calculado percentualmente, pois, passou de 0 para 1 homicídio, entre 2022 e 2023.
Amazônica concentra maioria dos homicídios de indígenas
Dos nove estados da Amazônia Legal, oito concentraram 54,1% dos homicídios registrados de indígenas, em 2023. Ao todo, foram 123 assassinatos na região, de um total de 227 mortes desse tipo no Brasil, conforme o Atlas da Violência.
O estado com o maior volume de homicídios de indígenas foi Roraima, com 59 casos, seguido do Amazonas (36), Maranhão (10), Acre (6), Pará e Tocantins (empatados com 4 cada um) e Rondônia (1). Apenas o Amapá não registrou mortes de indígenas classificadas como homicídio em em 2023, segundo o Atlas.
Em Roraima, o número de homicídios sofreu aumento nos últimos anos, em função da invasão às terras indígenas, por garimpeiros ilegais.
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Taxa de homicídios acima da média nacional
A taxa de homicídios de indígenas ficou acima da média nacional, em 2023, com 22,8 mortes para cada 100 mil habitantes, enquanto a média brasileira para o mesmo período foi de 21,2. Isso representa uma taxa 7,5% superior à média geral.
No acumulado entre 2013 e 2023, houve uma expressiva redução, passando de 60,5 para 22,8 homicídios por 100 mil habitantes, uma queda de 62,3%.
Roraima lidera taxa na Amazônia
Entre os estados da Amazônia Legal, Roraima registrou a maior taxa de homicídios de indígenas, com 235,3 mortes para cada 100 mil habitantes, seguido por Tocantins (61,8), Acre (50,8), Maranhão (26,7), Amazonas (20,4), Mato Grosso (17,6), Pará (14,6) e Rondônia (10,1). O Amapá não registrou homicídios no período.
Panorama nacional
No contexto nacional, os homicídios de indígenas aumentaram 6% entre 2022 e 2023, passando de 21,5 para 22,8 por 100 mil habitantes, em números absolutos foram 205 mortes em 2022 contra 227 em 2023, uma alta de 10,7%.
Especialistas têm reforçado que a persistência da violência contra povos indígenas na Amazônia Legal é um alerta para a necessidade urgente de políticas públicas que garantam a segurança e preservem as culturas tradicionais desses povos, que seguem ameaçados em seus territórios.