*Ana Carolina Barbosa – do Amazônia Plural
Manaus voltou a ser encoberta por fumaça derivada de queimadas florestais, nesta quinta-feira, 16, e a qualidade do ar já é segunda pior do País, segundo o ranking estabelecido pela organização global aqicn.org . De acordo com a plataforma, que avalia a poluição do ar em mais de 100 países, a capital Manauara apresenta um índice de 178, considerada ‘não saudável e insalubre’, dentro da classificação utilizada.

No início do novembro, o Amazonas apresentou baixo número de focos de queimadas e, apesar disso, a cidade registrou uma densa nuvem de fumaça que, conforme a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, vinha do Pará.
Nesta quinta-feira, 16 de novembro, o número de queimadas, segundo os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aumentou significativamente, e já chega a 452, conforme informações de 1 a 15 deste mês. O dado representa 47% do total registrado durante todo o mês de novembro de 2022, quando foram contabilizadas 961 ocorrências.
Ainda segundo o Inpe, os focos de queimadas registrados nos primeiros 15 dias de novembro deste ano já são maiores que todo o volume contabilizado para o mês, nos anos de 2020 e 2021.
Apesar disso, o Estado apresenta redução de 8% no volume total do ano, em relação a 2022, considerando o período de 1 de janeiro a 15 de novembro. Foram 19.112 neste ano contra 20.903 em 2022.

Imagem: reprodução site Inpe
A fumaça tem se tornado comum nos últimos meses em Manaus e acendeu o alerta das autoridades em saúde sobre os impactos na população, especialmente na parcela mais vulnerável, formada por crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.
Em outubro, o Amazonas registrou o maior número de focos de queimada para o período, desde o início da série história do Inpe, em 1998. Foram 3858 ocorrências, mais que o dobro registrado no mesmo período de 2022, quando houve 1503 ocorrências. Nesse período, a maior parte dos focos ativos ocorreu no Sul do estado e na Região Metropolitana de Manaus (RMM).
Uma ação conjunta do Governo do Estado e Governo Federal, através do Ibama e das Forças Armadas, além da ocorrências pontuais de chuva no Estado, resultaram na redução dos incêndios florestais no Estado, no início de novembro. Mas, com o aumento de focos de queimadas nos últimos doas no Amazonas, o fenômeno voltou a ser registrado.
Prevenção
O Governo do Amazonas afirma que vem atuando, desde o mês de março de 2023, nos municípios do sul do Amazonas e Região Metropolitana de Manaus, no combate aos focos de incêndio. Além da Operação Tamoiotatá, estão em plena atuação as Operações Aceiro e Céu Limpo e, desde o dia 11 de outubro, houve a intensificação da presença de forças ambientais e de segurança pública no combate aos focos de queimada na RMM.
No final de outubro, mais 250 servidores, entre bombeiros, policiais militares, analistas ambientais do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e agentes do Batalhão Ambiental da PM-AM foram enviados para reforçar as ações em Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Manaquiri, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo, Careiro Castanho e Autazes.
Outros 116 brigadistas do PrevFogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) continuam atuando nas ações de combate na Região Metropolitana.
MPF
No início do mês, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça Federal que determine ao Estado do Amazonas a apresentação de documentos e provas que demonstrem que as medidas adotadas pelo ente, desde 2019, foram suficientes para enfrentar os fenômenos climáticos, as queimadas e os incêndios florestais. Em outubro, uma densa nuvem de fumaça cobriu a cidade de Manaus (AM) e, segundo a prefeitura municipal, Governo do Amazonas e Ibama, o fogo teria origem nos municípios da região metropolitana.
Há dois anos, o MPF acompanha as políticas estaduais em relação ao desmatamento e às queimadas no Amazonas. Segundo o MPF, próprio governo estadual reconhece que a média de execução do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Amazonas (PPCDQ 2020-2022) foi de apenas 43%.
Carta prevê redução de queimadas
No dia 10 de novembro, o governador Wilson Lima e demais governadores de estados da Amazônia Legal assinaram a “Carta de Manaus”, durante a Assembleia Geral do 26º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, com compromissos integrados dos estados para combater desmatamentos e queimadas na região. O documento será apresentado durante a COP-28, a maior reunião global sobre mudanças do clima e que acontecerá entre 30 de novembro e 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Foto: Fotos Públicas / Raphael Alves






