A tentativa do deputado estadual Daniel Almeida (Avante) de minimizar a morte de uma mulher grávida, e seu bebê, ocorrida no domingo (22), após um acidente provocado por um buraco na avenida Djalma Batista, resultou em reação do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), deputado Roberto Cidade (União Brasil), durante sessão plenária desta segunda-feira (23).
Irmão do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), Daniel usou a tribuna para defender a gestão municipal e classificou o episódio como uma “fatalidade”. A fala, no entanto, foi interpretada por outros parlamentares como uma tentativa de eximir a Prefeitura da responsabilidade pela tragédia, motivando reações críticas em plenário.
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“Depois de ver a imagem, dá pra ver que a Djalma está toda asfaltada, com recapeamento novo, trabalho de infraestrutura que foi feito neste local aí. Esse buraco causou esse acidente, que foi, na verdade, uma fatalidade”, declarou Daniel Almeida, ao rebater críticas à administração do irmão. O parlamentar ainda acusou a Mesa Diretora e a presidência da Aleam de se omitirem diante de problemas estaduais, ao mesmo tempo em que “fazem alarde por causa de um buraco”.
A declaração gerou protestos imediatos. O deputado Delegado Péricles (PL), que havia levado o tema ao plenário, foi interrompido por um aparte do presidente da Casa, Roberto Cidade, que criticou o tom adotado por Daniel e cobrou postura institucional.
“Quem desrespeita esta Casa merece o desprezo daqueles que a valorizam. Sempre respeitei todos os parlamentares aqui. Não vou entrar nesse jogo de imaturidade e despreparo. Se quiser debater saúde, segurança, educação, estou à disposição. Mas, mantenha o foco e o respeito”, afirmou Cidade, destacando que, além da politização do tema, houve desrespeito à memória das vítimas e aos presentes na sessão.
A plenária do dia também marcou a entrega do título de Cidadã do Amazonas à secretária estadual de Educação, Arlete Mendonça. Em razão da solenidade, o presidente da Aleam reforçou que o ambiente não era apropriado para ataques pessoais nem para distorções sobre fatos públicos de grande comoção.
“A palavra aqui hoje é educação. Temos profissionais da área presentes, vindos de vários municípios, e não cabe a um parlamentar agir sem compostura. Estamos falando de uma tragédia ocorrida ontem, com vítimas que voltavam do trabalho. Esse é o debate que importa agora “, finalizou Cidade, no plenário Ruy Araújo.
Entenda o caso
Giovana Ribeiro da Silva, de 29 anos e grávida de sete meses de sua primeira filha, morreu na noite de domingo (22/06), após a motocicleta conduzida por seu marido cair em um buraco não sinalizado, na avenida Djalma Batista, zona Centro‑Sul de Manaus. Ela foi arremessada contra uma árvore e socorrida já sem vida. O bebê que ela esperava também não resistiu; o esposo foi hospitalizado com ferimentos leves.

Foto: reprodução