A COP30 (Conferência das Nações Unidas para Mudança do Clima) dedica esta quarta-feira, 19, à discussão de caminhos para transformar sistemas alimentares e enfrentar a crise climática com soluções que combinem ciência, práticas locais e políticas públicas. O destaque da programação ficou com as vozes femininas. Líderes comunitárias, pesquisadoras e gestoras públicas que vêm atuando na linha de frente dos impactos ambientais e conduzindo respostas de resiliência em seus territórios, foram ouvidas durante a programação. O evento acontece em Belém, capital do Pará, um dos estados da Amazônia brasileira.
Logo na abertura, mulheres de diferentes regiões relataram como a mudança do clima afeta diretamente a produção agrícola, o acesso à água e a segurança alimentar de suas comunidades. Segundo o comunicado oficial da COP30, essas lideranças têm desempenhado papel central na criação de soluções capazes de orientar “nosso futuro coletivo”, especialmente em áreas mais vulneráveis a eventos extremos.
O Brasil apresentou avanços nessa agenda ao reforçar seu Protocolo Nacional para Mulheres e Meninas em Emergências Climáticas, iniciativa que, segundo o governo, reafirma que a igualdade de gênero é condição essencial para a proteção e a resiliência comunitária. O protocolo busca integrar a perspectiva de gênero em políticas de resposta e adaptação, ampliando a participação feminina nos processos decisórios ligados ao clima.
Degradação do solo e sistemas alimentares
Durante a Conferência Ministerial de Alto Nível sobre Agricultura, representantes de governos e organizações internacionais discutiram o avanço da degradação do solo, considerada um dos desafios mais urgentes para a segurança alimentar global. Como resposta, foi anunciada a Iniciativa RAIZ, apresentada como um legado da COP30. A proposta visa restaurar terras agrícolas degradadas e incorporar práticas sustentáveis em sistemas alimentares de diferentes países.
Parceiros internacionais também anunciaram novos investimentos e ferramentas para impulsionar a agricultura resiliente ao clima, entre eles a CCAC Agriculture Flagship e o apoio da Alemanha ao IM-PACT, que integra a Parceria FAST.
Chamado global à ação climática
Encerrando o dia, o Evento de Alto Nível sobre Ação Climática Global convocou governos, sociedade civil e setor privado a transformar compromissos assumidos em resultados mensuráveis. A mensagem central, segundo a organização, reforça a necessidade de restaurar terras, empoderar pessoas e ampliar a participação de mulheres e comunidades afrodescendentes na governança climática.
Com foco na inclusão e na justiça climática, a COP30 sinalizou que a transformação dos sistemas alimentares e a construção de um futuro resiliente passam, necessariamente, pelo fortalecimento das vozes femininas e das soluções desenvolvidas pelas comunidades que vivenciam diariamente os efeitos da crise climática.
Foto: Amazônia Plural






