COP30: Desmatamento expõe a população a alto risco de doenças transmitidas por vetores, alerta a médica e pesquisadora Margareth Dalcolmo

As consequências das mudanças climáticas sobre a saúde humana estão cada vez mais evidentes e a Amazônia é uma das regiões mais vulneráveis a esses impactos. A médica pneumologista e pesquisadora Margareth Dalcolmo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), alerta que o desmatamento e as enchentes expõem a população a um risco crescente de doenças, principalmente, àquelas transmitidas por vetores. Fazem parte da lista a dengue, malária, zika e chikungunya.

Dalcolmo esteve presente na COP30, nesta quarta-feira, 12, e assistiu a um dos painéis no espaço coordenado pelo Governo do Brasil. O evento acontece em Belém (PA), um dos estados da Amazônia Legal.
“Nos últimos dez anos, tivemos oito desastres climáticos no Brasil, somando quase mil vidas perdidas entre enchentes, secas extremas e aumentos de temperatura muito próximos de pontos de não retorno”, destacou a pesquisadora. “Esses eventos estão diretamente ligados à saúde. O aumento de doenças transmitidas por mosquitos e por pequenos mamíferos em áreas amazônicas é um reflexo direto do desmatamento e das mudanças climáticas”, completou.

Leia também: Cúpula dos Povos traz demandas e reivindicações da sociedade à COP30

Dalcolmo lembrou que a COP30, que é realizada em Belém (PA), um dos estados da Amazônia Legal, terá pela primeira vez um dia dedicado à saúde: 13 de novembro. Para ela, essa inclusão representa um avanço importante. “Sem controle das mudanças climáticas, não há como mensurar os impactos na área da saúde. Enchentes, inundações e o desmatamento estão intimamente ligados à propagação de doenças. O Brasil é um país eminentemente urbano, com alta densidade demográfica em algumas áreas, e essas situações ampliam o risco de epidemias”.

Governança

A pesquisadora também chamou atenção para a importância da governança eficiente e de um olhar humano nas políticas públicas. Segundo ela, a pandemia de Covid-19 revelou fragilidades profundas no sistema de resposta no Amazonas. “Manaus foi o exemplo clássico de tudo que não deveria ter acontecido. Foi o primeiro pico epidêmico da pandemia, em 2020, e sete meses depois surgiu uma nova cepa do vírus no Amazonas. Nada havia sido feito em termos de profilaxia, e assistimos a uma mortandade absolutamente desnecessária, agravada pelo uso inadequado de medicamentos como a cloroquina, que sabíamos não ter eficácia”, opinou.

Olhar estratégico para o Norte

Para Dalcolmo, a preparação para novas emergências sanitárias deve incluir um olhar estratégico para a região Norte do Brasil, considerando suas particularidades logísticas e geográficas. “Manaus é uma cidade distante de tudo, e isso precisa ser levado em conta. Este é um momento crucial para o Brasil se preparar para novas pandemias. A região amazônica deve ser prioridade nesse planejamento”, salientou a pesquisadora.

A médica reforça que o debate sobre clima e saúde na COP30 é essencial para que o Brasil e o mundo estabeleçam políticas integradas capazes de enfrentar não apenas a crise ambiental, mas também os desafios sanitários que decorrem dela.

Foto: portal Amazônia Plural

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