COP na Amazônia: “Comunidades que preservam estão sendo pressionadas a desmatar”, afirma representante de organização global dedicada à conservação ambiental

“As comunidades que preservam estão sendo pressionadas a promover o desmatamento. Elas precisam que o trabalho de conservação seja valorizado para que possam continuar. Não basta garantir o bem-estar. É preciso que vivam bem, e que os recursos cheguem efetivamente até elas”. A fala é do diretor de Estratégias para os Povos Indígenas e Comunidades Locais da TNC Brasil (The Nature Conservancy), Hélcio Marcelo de Souza, que participou, na última segunda-feira, 10, do painel “Economia da natureza: inovação financeira e tecnológica para conservar e restaurar biomas de Mato Grosso”, realizado no âmbito do Consórcio da Amazônia, na COP30, em Belém (PA). A entidade sem fins lucrativos é dedicada à conservação ambiental, com forte atuação na proteção da biodiversidade e mitigação das mudanças climáticas.

Leia também: COP30 já tem quatro acordos e declarações assinados

Ele destaca que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontece pela primeira vez no Brasil, tem grande potencial para ser “a COP das florestas”, fortalecendo mecanismos de valorização da conservação e dos povos que garantem a manutenção dos biomas.

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“Há grandes possibilidades de que, nos próximos anos, possamos avançar ainda mais na sustentabilidade com respeito aos direitos humanos na Amazônia. Vimos aqui a ausência de alguns governos que promovem a emissão de carbono, mas, existe uma expectativa positiva a partir da presença forte das populações da Amazônia”, afirmou.

Hélcio destacou que quem produz na região e em outras florestas tropicais do mundo tem conseguido aliar produção e sustentabilidade, e que é fundamental reconhecer e valorizar essas iniciativas.

“Esperamos que a COP30 de Belém seja um marco no reconhecimento das florestas, suas comunidades e de quem quer produzir junto com a floresta em pé. É preciso criar mais barreiras para quem promove o desmatamento e valorizar os produtores que aumentam a qualidade da produção sem desmatar novas áreas”, enfatizou.

O diretor também lembrou que as florestas tropicais do mundo são protegidas por comunidades locais e que essas áreas somam quase um milhão de hectares, abrangendo regiões não só a América do Sul, mas também África, Ásia e América Central. De acordo com o representantes da TNC, um exemplo de avanço recente é o TFFF (Tropical Forests Forever Fund), proposto pelo governo brasileiro, que, segundo ele, pode gerar benefícios globais e melhorar as condições de vida de quem protege a floresta.

Contexto do painel

O debate, realizado durante o encontro do Consórcio da Amazônia, que reúne os nove estados da Amazônia Legal, discutiu perspectivas de restauração e políticas ambientais para o Mato Grosso e a região do Araguaia. O evento contou com a participação do governador Mauro Mendes (União), da secretária de Meio Ambiente do Estado, Mauren Lanzzaretti e do represemmtamte da TNC.

Hélcio de Souza defendeu uma visão otimista sobre o papel da COP30, contrapondo-se à avaliação cética do governador de Mato Grosso, que afirmou não esperar resultados efetivos do evento.

“No próprio painel foi possível observar avanços significativos na proteção das florestas, o fortalecimento de políticas públicas e o desenvolvimento de ferramentas para evitar o desmatamento. Isso aponta perspectivas positivas para o futuro”, disse.

O diretor da TNC também observou que os produtores rurais da Amazônia vêm evoluindo na busca por sustentabilidade, adequando suas produções às exigências ambientais e acessando linhas de financiamento verde.

Para ele, o pós-COP30 deve fortalecer as boas iniciativas já em curso e ampliar as oportunidades para uma economia que una desenvolvimento, respeito aos direitos humanos e valorização da floresta em pé.

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