A Polícia Federal prender, no último dia 20, Ruben Dario da Silva Villar, conhecido como Colômbia, acusado de ser o mandante das mortes do jornalista inglês Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira, em junho deste ano. Ele era considerado foragido da Justiça e responde a um processo criminal sob a acusação de liderar uma associação criminosa que atua com a pesca ilegal na terra indígena localizada no Vale do Javari, no Amazonas. A PF solicitará o encaminhamento do acusado a um presídio de segurança máxima, para evitar eventual fuga.
De acordo com a informação da PF, após ser solto em outubro, por determinação da Justiça, Colômbia teve a prisão novamente decretada pela Justiça Federal em Tabatinga (AM), sob a justificativa de descumprimento das condições impostas durante a concessão de sua liberdade provisória. Ele também responde a uma ação por falsidade ideológica.
A prisão foi efetuada em Manaus, em uma casa no bairro Santa Etelvina, zona Norte. O acusado foi encaminhado à sede da PF, no bairro Dom Pedro, e passou por exame de corpo de delito. Ele será encaminhado à audiência de custódia e, em seguida, regressará ao sistema prisional.
Entenda o caso
A morte de Dom Philips e de Bruno Pereira ocorreu no Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas, durante uma emboscada, na qual o barco em que eles estavam, foi abordado com tiros . O Ministério Público Federal (MPF) denunciou Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado; Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima por duplo homicídio qualificado por motivo fútil e ocultação dos corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, assassinados no Vale do Javari (AM), no início de junho deste ano.
A denúncia foi apresentada à Subseção Judiciária Federal de Tabatinga (AM), onde o processo tramita. Segundo os cinco procuradores da República que cuidam do caso, Pelado e Lima confessaram ter participado do crime, enquanto o envolvimento de Oliveira foi caracterizado a partir dos depoimentos de testemunhas. Além disso, os procuradores anexaram à denúncia cópias de mensagens que os réus trocaram entre si.
De acordo com o MPF, já havia registro de desentendimentos anteriores entre o ex-servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), Bruno Pereira, e Pelado, que é suspeito de envolvimento com a pesca ilegal na região. Os procuradores afirmam que Bruno e Dom foram emboscados e mortos depois que Bruno pediu a Dom que fotografasse o barco dos acusados, de forma a atestar a prática de pesca ilegal.
Ainda segundo o MPF, Bruno foi morto com três tiros – um deles pelas costas. Já Dom foi assassinado apenas por estar junto com Bruno no momento do crime.
Emboscada
Bruno e Phillips foram emboscados e mortos no dia 5 de junho, quando viajavam, de barco, pela região do Vale do Javari. Localizada próxima à fronteira brasileira com o Peru e a Colômbia, a região abriga a Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, a um campo de futebol oficial). A área também abriga o maior número de indígenas isolados ou de contato recente do mundo.
A dupla foi vista pela última vez enquanto se deslocava da comunidade São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde se reuniria com lideranças indígenas e de comunidades ribeirinhas. Seus corpos foram resgatados dez dias depois. Eles estavam enterrados em uma área de mata fechada, a cerca de 3 quilômetros da calha do Rio Itacoaí.
Colaborador do jornal britânico The Guardian, Dom se dedicava a cobertura jornalística ambiental – incluindo conflitos fundiários e a situação dos povos indígenas – e preparava um livro sobre a Amazônia.
Já Pereira ocupou a coordenação-geral de índios isolados e recém contatados da Funai, antes de se licenciar da fundação, sem vencimentos, e passar a trabalhar para a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Por sua atuação em defesa das comunidades indígenas e da preservação do meio ambiente, recebeu diversas ameaças de morte.
Em 19 de junho, a PF informou que ao menos oito pessoas já estavam sendo investigadas por possível participação no duplo assassinato e na ocultação dos cadáveres. Entre elas, Pelado, Lima e Oliveira.
*Com informações da Agência Brasil