Caso Benício: Polícia investigará escala de profissionais no Hospital Santa Júlia no dia da morte da criança

A Polícia Civil do Amazonas pretende ouvir, ao longo desta semana, novos profissionais de saúde que atuavam no Hospital Santa Júlia, em Manaus, no último dia 23, data da morte de Benício Xavier, 6 anos. O menino recebeu, de forma equivocada, adrenalina intravenosa em vez de nebulização. Segundo o delegado Marcelo Martins, a técnica de enfermagem que aplicou a medicação estava sem supervisão no momento do atendimento. A prescrição foi feita pela médica Juliana Brasil, que não possui título de pediatra. A linha investigativa aponta, até agora, para possível homicídio doloso.

Titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), responsável pela investigação, Marcelo Martins informou que na próxima quinta-feira, 4, ocorrerá uma acareação entre a médica Juliana Brasil e a técnica de enfermagem que administrou a adrenalina, mesmo após ter sido questionada pela mãe da criança, Joyce Xavier.

A técnica relatou em depoimento que apenas seguiu a prescrição médica. Ela afirmou ainda que o chefe de enfermagem do hospital não estava presente e que somente um enfermeiro era responsável pela enfermaria naquele momento.

A médica, por sua vez, declarou que houve falha no sistema e que a prescrição, que deveria ser por inalação, mas foi registrada como intravenosa. Mas, afirma que alertou a mãe. Após seu depoimento, na última sexta-feira, capturas de tela de uma conversa entre Juliana e o médico Enrico Queiroz, que trabalhava na UTI do Santa Júlia, vazaram e mostraram que ela admitiu ter errado na prescrição. As mensagens revelam a médica em desespero e pedindo ajuda ao colega.

Leia também: Caso Santa Júlia: médica admite em mensagens ter errado prescrição que antecedeu a morte de Benício

Intimado a depor no domingo, Enrico compareceu nesta segunda-feira ao 24º DIP e confirmou a autenticidade da conversa. Ele também declarou que a médica adotou os procedimentos adequados no atendimento inicial após a aplicação equivocada da adrenalina.

“Ele disse que os procedimentos adotados por ela (Juliana Brasil) foram corretos no momento inicial. Os que ocorreram em seguida, sobre UTI, internação e tempo de resposta, para analisar a responsabilidade criminal, também foram questionados”, afirmou o titular do 24º DIP.

O chefe de enfermagem, fisioterapeutas e outros médicos que tiveram contato com Benício no dia da ocorrência também serão chamados a depor. “Esta semana, outros profissionais serão ouvidos e na quinta-feira será a acareação entre médica e técnica de enfermagem”, reforçou o delegado.

Prontuários, documentos e um relatório elaborado pelo Hospital Santa Júlia estão sob análise da Polícia Civil. Imagens de câmeras de segurança também serão avaliadas ao longo do inquérito para esclarecer responsabilidades e eventuais falhas no atendimento. O relatório final indicará os envolvidos, segundo informou o delegado.

O Amazônia Plural questionou o Hospital Santa Júlia, via assessoria de imprensa, sobre o número de profissionais no plantão e sobre as novas denúncias e aguarda retorno.

Entenda o caso

Benício Xavier deu entrada no Hospital Santa Júlia com tosse seca e suspeita de laringite. Além de soro, xarope e lavagem nasal, a médica prescreveu três doses de adrenalina intravenosa. Após a primeira aplicação, Benício apresentou palidez e relatou dores intensas no peito. Ele sofreu seis paradas cardiorrespiratórias antes de morrer. Relatório da UTI Pediátrica apontou que as reações foram provocadas pela administração da adrenalina, substância que atua diretamente no sistema nervoso.

Nesta segunda-feira, amigos e familiares realizaram um protesto simbólico em frente ao Conselho Regional de Medicina pedindo a responsabilização de Juliana Brasil pela morte de Benício .

Saiba mais sobre a manifestação: Caso Santa Júlia: familiares cobram responsabilização por morte de Benício e pedem ação do CRM-AM

Foto: reprodução

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