Boa Vista (RR) é reconhecida por lei como Capital Nacional da Paçoca de Carne com Farinha

Foi publicada na última quinta-feira (28), no Diário Oficial da União (DOU), a Lei nº 15.195/2025, que confere a Boa Vista, no estado de Roraima, o título de Capital Nacional da Paçoca de Carne com Farinha. A lei, assinada pelo presidente Lula e pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, reforça a importância do prato como símbolo da identidade cultural e gastronômica da região Norte.

A paçoca de carne com farinha, preparada tradicionalmente no pilão, com carne seca desfiada e farinha de mandioca, é muito mais do que uma iguaria local. O prato carrega memórias de gerações, sendo presença obrigatória em festas tradicionais e no cotidiano das mesas roraimenses.

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Um exemplo é o Boa Vista Junina, evento da Prefeitura de Boa Vista que traz, anualmente, como uma das principais atrações, a maior paçoca do mundo.

Trecho de um material institucional da Prefeitura aponta que, durante a celebração dos 25 anos do Boa Vista Junina, em junho deste ano, a Maior Paçoca do Mundo bateu mais um recorde, atingindo a marca histórica de 1 tonelada e 547,5 kg, superando o recorde anterior de 1.356 kg registrado em 2024, quando entrou para o Guinness World Records (Livro dos Recordes).

Modo de vida

Em Boa Vista, a paçoca está profundamente ligada ao modo de vida da população local, afirmam pesquisadores de temas relacionados à Amazônia. O preparo artesanal, feito no pilão, é uma prática que valoriza tradições. Além disso, a receita dialoga diretamente com a diversidade cultural de Roraima, marcada pela influência indígena, nordestina e de imigrantes que ajudaram a formar a identidade do estado. E, acompanhada da banana, tornou-se um prato nutricionalmente viável e culturalmente marcante, que ultrapassa a cozinha e se afirma como patrimônio.

Doutora em estudos literários pela Unesp, a jornalista e pesquisadora de temas amazônicos, Vanessa Brandão, reforça o vínculo do alimento com a história do Estado. “A paçoca representa a criatividade e a resistência dos povos originários de Roraima. O modo como se prepara a carne, ao sol, que depois se integra à farinha, esse alimento tão fundamental para o sustento das famílias, é único. Todo o processo de preparação e degustação do alimento é feito de forma coletiva, momentos de partilha familiar. É um prato típico que simboliza um modo de vida”, explica.

“A paçoca pode durar vários dias em temperatura ambiente depois de preparada. Símbolo da resistência necessária para se viver no calor das terras de Makunaima”, completa.

Valor nutricional

De acordo com a nutricionista e professora universitária, Naiara Almeida, a paçoca é um alimento considerado rico nutricionalmente, pois reúne minerais, vitaminas, nutrientes e fibras. Ela explica que o consumo de forma adequada, ou seja, sem exageros, e em porções equilibradas, pode trazer benefícios à saúde. “A proteína, no caso, a carne de sol, pode contribuir com a reparação tecidual e formação celular. As proteínas também auxiliam na reconstrução dos órgãos, além de trazerem benefícios para os cabelos e unhas. Ajudam, ainda, na reposição de hormônios e fortalecem o sistema imunológico”, explica a especialista.

A farinha, por outro lado, contém os polêmicos carboidratos, que, quando consumidos de forma correta, são importantes fontes de energia para o corpo. “Para quem pratica exercícios físicos, como musculação, por exemplo, a paçoca é um ótimo pré-treino, pois potencializa o ganho de massa muscular, além de dar mais energia para aguentar a malhação”, explicou.

Entre as substâncias benéficas contidas na paçoca, estão as vitaminas do complexo B e minerais como ferro, zinco e magnésio. Por isso, ela é uma aliada na melhoria da qualidade de vida.

“Lembrando que a paçoca é consumida, geralmente, com banana, fruta rica em carboidratos, potássio e vitaminas do complexo B. Associados, eles contribuem com a contração muscular – prevenindo câimbras -, com o metabolismo, geração de energia, saciedade e ainda melhoram o humor e promovem a sensação de bem-estar”.

Apesar de ser uma fonte nutritiva, Naiara Almeida alerta que não se deve exagerar. “O consumo em excesso pode aumentar o índice glicêmico, prejudicando a saúde. Pacientes renais, hipertensos ou com problemas cardíacos e diabetes, devem evitar a paçoca, por conta do sódio e dos carboidratos”, explica a nutricionista.

Veja a íntegra da lei:

Foto: Giovani Oliveira / Prefeitura de Boa Vista

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