Manaus, 16 de setembro de 2024

Amazônia registra o maior número de queimadas em 19 anos, com 100% de aumento nos focos de incêndios

O bioma Amazônia apresentou, em 2024, o maior número de focos de queimadas em 19 anos, para o período de 1 de janeiro a 31 de agosto. Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão vinculado ao Ministério de Ciências, Tecnologia e Inovações, foram 63.189 ocorrências neste ano, número 100% maior que os 31.489 registrados no mesmo período de 2023.

O recorde ocorre em um período em que várias cidades brasileiras estão encobertas por fumaça, entre elas, Manaus, no Amazonas, estado que registrou aumento de 95% no número de focos de queimadas, entre janeiro e agosto, chegando à marca de 15.235 ocorrências. Em 2023, foram 7.811.

Porto Velho, capital de Rondônia, também sofre com a fumaça derivada dos incêndios florestais. No estado, foram detectados no período, 6.605 focos de calor através de monitoramento via satélite do INPE. O número é 169% maior que as ocorrências do ano anterior, as quais somaram 2.451.

A série histórica do INPE, que teve início em 1.998, mostra que 2005 havia sido o ano com o maior número de ocorrências para a Amazônia até então: 94.780.

Ainda de acordo com o INPE, todos os sete estados da Amazônia Legal apresentaram aumento percentual no número de queimadas. O maior aumento ocorreu em Roraima, no extremo Norte do País, de 245%, chegando a 4.671 focos de queimadas.

O menor aumento percentual foi registrado pelo Maranhão: 3%, somando 7621 focos nos oito primeiros meses deste ano.

Além deles, Mato Grosso registrou aumento de 154%, com 25.877 focos; Pará de 85%, com 18.972 focos e o Acre, de 66%, com 2.737 focos de queimada.

LEIA TAMBÉM: Fumaça: índice global aponta que Manaus tem a segunda pior qualidade do ar do País nesta terça

BIOMAS

No monitoramento dos biomas, a Amazônia segue sendo o que apresenta o maior número de queimadas, seguida do Cerrado (39.312), Mata Atlântica (11.699), Pantanal (9.167), Caatinga (3.381) e Pampa (303).

O destaque entre os biomas brasileiros foi para o Pantanal , cujo aumento percentual chegou a 2.174% no comparativo com os oito primeiros meses de 2023. À exceção do Pampa, que obteve redução nos focos de 51%, todos os demais apresentaram aumento.

QUALIDADE DO AR

O Brasil também apresentou aumento no número de focos, passando de 65.397, em 2023, para 127.051, em 2024, um acréscimo de 94%. Com isso, o País passou a ocupar o primeiro lugar com a pior qualidade do ar no mundo, no ranking aqicn.org , que mede o índice global de poluição,

Neste domingo, 01/09, o Brasil estava no topo da tabela, ultrapassando a Índia, que até a sexta-feira, ocupada o primeiro lugar. Segundo ranking, a qualidade do ar no País é hoje considerada ‘perigosa’ para a saúde. A classificação é determinada por cores, sendo a mais escura, a mais nociva à saúde.

A maior parte das cidades com a qualidade do ar mais comprometida no Brasil fica na Amazônia. Veja a tabela abaixo:

Ministério do Meio Ambiente

No último dia 25, o presidente Lula e a ministra Marina Silva destacaram, em reunião no Prevfogo, na sede do Ibama, em Brasília (DF), suspeitas de ações criminosas nos incêndios que se intensificaram nos últimos dias no país. A Polícia Federal abriu 31 inquéritos para investigar as origens do fogo, incluindo dois no estado de São Paulo. 

“Não conseguiram detectar nenhum incêndio causado por raios. Isso significa que tem gente colocando fogo na Amazônia, no Pantanal e sobretudo no estado de São Paulo”, disse Lula durante apresentação na sala de monitoramento do Prevfogo. 

A ministra destacou que os esforços federais estão mobilizados para combater os incêndios e punir ações criminosas relacionadas ao uso do fogo:

“É preciso parar de atear fogo. Mesmo colocando tudo que está à disposição dos governos estaduais e municipais, dos esforços privados e do governo federal, se não parar de colocar fogo em um período de temperatura alta, baixa umidade relativa do ar e ventos que vão até 70 km/h, não há como conter o fogo. Ações criminosas serão punidas com todo o rigor que a lei oferece”, afirmou Marina.  

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que 15 delegacias no interior paulista e a superintendência regional da PF no estado foram mobilizadas para as investigações. Destacou também que já foram abertos outros 29 inquéritos relacionados aos incêndios na Amazônia e no Pantanal:

“É um movimento atípico, mas as conclusões só virão com a conclusão dos inquéritos”, disse Rodrigues. 

Com a retomada da governança ambiental desde 2023, Ibama e ICMBio atuam com mais de 3 mil brigadistas no país, incluindo 1.468 na Amazônia, onde a mudança do clima intensifica a pior seca em pelo menos 40 anos. 

Na quarta-feira (21/8), após reunião com governadores da região amazônica, o governo federal anunciou a criação de três bases interfederativas para aumentar a cooperação entre União e estados no combate aos incêndios no bioma. Os representantes federais e estaduais concordaram também em intensificar ações de fiscalização em regiões críticas nos eixos da BR-319, da BR-230 e da BR-163.

“Se não tivéssemos reduzido o desmatamento em 45,7% de agosto de 2023 a julho deste ano, estaria uma situação incomparavelmente mais difícil”, disse Marina referindo-se a dados da área sob alertas de desmatamento medidos pelo sistema Deter, do Inpe. 

As condições climáticas também anteciparam em dois meses a temporada de incêndios no Pantanal. Segundo boletim semanal da sala de situação criada em junho para coordenar as ações federais de prevenção e combate aos incêndios, há 959 profissionais do governo federal em campo na região, apoiados por 18 aeronaves.

Prevenção e combate

Lula indicou que participará da reunião desta semana da sala de situação, coordenada pela Casa Civil. Os governadores dos estados atingidos pelo fogo também serão convidados, disse o presidente.  

Outras ações do governo federal para a prevenção e combate aos incêndios na Amazônia incluem a sanção em julho da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que será implementada em cooperação entre União, estados, municípios, sociedade civil e entidades privadas. 

A política proíbe o uso do fogo para desmatamento ou supressão da vegetação nativa, exceto quando há queima controlada dos resíduos de vegetação. Para práticas agropecuárias, o uso será permitido apenas em situações específicas, e os proprietários poderão ser responsabilizados em caso de incêndios. 

O governo federal também aprovou R$ 293 milhões em recursos do Fundo Amazônia para Corpos de Bombeiros dos estados amazônicos. Já o Programa União com Municípios, destinará R$ 780 milhões para ações de combate ao desmatamento e incêndios florestais em 70 municípios prioritários na Amazônia.

*Com informações do Ministério do Meio Ambiente

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