Caso Santa Júlia: Polícia analisa se erros de intubação contribuíram para a morte de Benício, de 6 anos

A Polícia Civil do Amazonas investiga, em uma de suas quatro linhas de apuração, se erros no processo de intubação de Benício Xavier, de 6 anos, contribuíram para a morte do menino, ocorrida no último dia 23 no Hospital Santa Júlia, em Manaus. Após receber uma dose equivocada de adrenalina intravenosa, a criança foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica, onde sofreu seis paradas cardiorrespiratórias antes de falecer. Durante esse período, foram realizadas três tentativas de intubação orotraqueal, procedimento em que um tubo é inserido pela boca e passa pela traqueia, permitindo a ventilação mecânica.

A intubação orotraqueal é um procedimento que deve ser realizado por médicos, mas também pode ser executado por enfermeiros, desde que sob supervisão médica. O delegado responsável pela investigação não informou, durante coletiva, qual profissional foi o responsável pela intubação de Benício. De acordo com informações preliminares, pelo menos três tentativas de intubação foram feitas antes do procedimento ser completado.

O delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), informou, nesta quinta-feira, 4, que as outras linhas de investigação sobre a morte de Benício incluem: a responsabilidade da médica Juliana Brasil, que prescreveu a administração de adrenalina intravenosa, quando o procedimento correto deveria ser a nebulização; a atuação da técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva, responsável pela aplicação da medicação (a polícia está verificando se houve a checagem adequada antes de sua aplicação); e a responsabilidade do Hospital Santa Júlia, que será investigado quanto ao cumprimento dos protocolos de segurança do paciente.

A inserção da nova linha de investigação no inquérito se deu após a defesa da médica Juliana Brasil alegar que a criança morreu vítima de broncoaspiração na UTI. “O Benício não morre no momento da aplicação. Não tem as seis paradas cardíacas no momento da aplicação. É muito tempo depois da aplicação. Nos temos todo o prontuário do paciente. Ele estava lúcido e consciente depois de receber a medicação. Ele não teve uma parada cardíaca imediata. Ele não morreu naquele momento. Não por esse motivo. Ele tinha uma pneumonia bilateral atestada. Ou seja: tem outras motivações que são necessárias a averiguação “, explicou o advogado de Juliana Brasil, Felipe Braga.

As informações foram repassadas pelo delegado após uma acareação realizada nesta quinta-feira entre a médica Juliana Brasil e a técnica de enfermagem Raiza Bentes, a fim de esclarecer divergências nos depoimentos iniciais de ambas.

Leia também: Caso Santa Júlia: Polícia fará perícia em sistema do hospital após médica apontar falha para gerar prescrição

Conforme o delegado, ambas mantiveram suas versões anteriores. Além disso, a Polícia Civil investiga a alegação de que o hospital estava operando, no dia 23, com um número insuficiente de enfermeiros. Naquela data, apenas três profissionais estavam de plantão, responsáveis por pelo menos cinco setores, incluindo as enfermarias e a Sala Vermelha.

Outro dado que passará por perícia será o sistema interno de gestão da unidade hospitalar privada, que, segundo Juliana Brasil, promove erros durante a prescrição eletrônica, fato que teria levado ao erro de sua prescrição na data do atendimento de Benício.

Foto: arquivo pessoal

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