O fotógrafo Sebastião Salgado faleceu, aos 81 anos, em Paris, nesta sexta-feira, 23. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização ambiental fundada por ele e sua esposa, Lélia Wanick Salgado. Segundo a Folha de S.Paulo, Salgado enfrentava complicações decorrentes de uma malária contraída nos anos 1990 . Ele também tratava uma leucemia agressiva.
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Nascido em 8 de fevereiro de 1944, em Aimorés, Minas Gerais, Salgado formou-se em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo e concluiu doutorado na Universidade de Paris. Trabalhou na Organização Internacional do Café, em Londres, entre 1971 e 1973. Durante uma viagem à África, onde coordenava um projeto sobre a cultura do café em Angola, decidiu tornar-se fotógrafo .

Em 1973, iniciou sua carreira como fotógrafo profissional em Paris. Trabalhou com as agências Sygma, Gamma e Magnum Photos até 1994, quando, junto com Lélia Wanick Salgado, fundou a agência de imprensa fotográfica Amazonas Images, dedicada exclusivamente à sua obra . Salgado tinha uma conexão especial com a Amazônia, região que visitou por inúmeras vezes, para retratar as belezas naturais e os povos originários.
Salgado percorreu mais de 120 países, documentando temas como migrações, trabalho, fome, guerras e a relação do homem com a natureza. Suas fotografias em preto e branco, de forte impacto visual e emocional, foram reunidas em obras como Trabalhadores (1996), Êxodos (2000), Gênesis (2013) e Amazônia (2021) .

Em 1998, Salgado e Lélia fundaram o Instituto Terra, uma ONG dedicada à recuperação da Mata Atlântica na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. O projeto transformou uma antiga fazenda da família em uma reserva ambiental, com o plantio de milhões de árvores nativas e a promoção da educação ambiental e do desenvolvimento sustentável .
Reconhecimento internacional
Ao longo de sua carreira, Salgado recebeu diversos prêmios e honrarias, incluindo o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes (1998), o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão (2019) e o Praemium Imperiale (2021). Foi também nomeado Embaixador da Boa Vontade do UNICEF e membro da Academia de Belas-Artes de Paris .
Em 2014, sua trajetória foi retratada no documentário O Sal da Terra, dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, seu filho. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2015 .
Fotos: Reprodução/ Instagram – Sebastião Salgado