Amazonas: pesquisa investiga percepção indígena sobre mudanças no clima

Em Benjamin Constant (a 1.121 quilômetros de Manaus), região do Alto Solimões, projeto investiga a percepção dos povos indígenas sobre as alterações no clima. A pesquisa realizou oficina para capacitar e debater com mulheres indígenas o impacto das mudanças climáticas no mundo, especialmente na Amazônia e, com isso, formar lideranças femininas especialistas no tema. A ação recebe apoio do Governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). 

O projeto foi realizado nas comunidades Tikuna de Filadélfia, Tikuna de Porto Cordeirinho e Kokama de Santo Antônio. No total, a ação alcançou 50 estudantes de diferentes etnias, entre as quais, tikuna, kokama, kaixana e kanamari.  

De acordo com a doutora em Ciências Biológicas e coordenadora do estudo, Thatyla Farago, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o principal objetivo do estudo é capacitar as mulheres indígenas para que transmitam o conhecimento adquirido ao longo do projeto nas comunidades em que vivem.  E assim, possibilitar que esses locais monitorem as mudanças no clima com o uso de indicadores ambientais como pluviômetros para verificar a precipitação das chuvas e réguas para medir a vazante dos rios.  

“No nosso projeto, ao perceber e conversar com os comunitários, ouvimos relatos como – ‘olha, a gente tem que ir mais longe para pescar, o calor está extremo, as chuvas são imprevisíveis’. Então, tudo isso são percepções que eles vivenciam diariamente. E não se tinha esses dados, esses registros”, relatou a pesquisadora.

Capacitação e repercussão

Os encontros também abriram espaço para abordar a divulgação científica e, com isso, houve a oferta de um curso rápido para criação e edição de podcast e, ainda, treinamento para produção audiovisual. 

Destaca-se que todo material em prol da divulgação científica desenvolvido no âmbito do projeto, como cartilhas informativas e os podcasts, estão sendo traduzidos e divulgados na língua tikuna para alcançar maior disseminação dos conteúdos.  

Além disso, o projeto conta com uma página de divulgação científica no Instagram, na qual divulga semanalmente as atividades realizadas. 

A oficina foi realizada ao longo de quatro dias com a colaboração de pesquisadoras vinculadas a diversas instituições de ensino e pesquisa, e também de lideranças indígenas femininas do Amazonas.  

Os encontros contaram com a participação de alunas dos cursos de Ciências Agrárias, Biologia e Química, Letras, Pedagogia e Antropologia, vinculadas ao Instituto de Natureza e Cultura da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). 

Parceria

As oficinas – e o projeto como todo – contam com a participação de pesquisadores do Inpa, da Ufam em Benjamin Constant e em Manaus, e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).  

Iniciado em 2021, o estudo será finalizado em maio deste ano.

Apoio

Intitulada, “Capacitação de mulheres como divulgadoras da percepção das mudanças climáticas em territórios indígenas do Alto Solimões”, a pesquisa conta o apoio da Fapeam, via Edital N° 002/2021, Programa Amazônidas – “Mulheres e Meninas na Ciência”  

O programa apoia pesquisas coordenadas por cientistas mulheres, para o desenvolvimento de processos e/ou produtos inovadores no estado do Amazonas, que envolvam significativo risco tecnológico associado a oportunidades de mercado, de acordo com temas que convergem com o PPA – Plano Plurianual do Governo do Estado – 2020-2023.

FOTOS: Acervo da pesquisadora Thatyla Farago, coordenadora do projeto

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